3 Estratégias com vista à Gestão Consciente do Tempo
Quem já me conhece sabe que não "vendo" fórmulas mágicas. Como pessoas diferentes que somos temos intenções e valores diferenciados, os quais nos orientam nas diversas esferas da nossa vida, rumo a objetivos vários. O que resulta para mim, pode não resultar para si. A minha proposta é que leia as estratégias que lhe proponho e que avalie se estas fazem sentido para si. Caso seja essa a sua avaliação, coloque-as em prática, sempre respeitando o seu ritmo individual e os seus limites.
1. Faça o mapeamento do seu tempo
Comece por permitir-se conhecer onde e como “gasta” os seus segundos, minutos e horas. Para recuperar o controlo do seu tempo, com vista à Gestão Consciente do Tempo, tem de conhecer onde estão as fragilidades e para isso, sugiro que faça o registo das suas atividades diárias.
Se a sua maior preocupação é a produtividade laboral, utilize esta estratégia, para registar as atividades que realiza apenas durante os dias e horas de trabalho. Mais tarde, e caso assim o entenda, poderá estendê-la às outras áreas da sua vida. Garanto-lhe que ficará surpreendido com os dados que irá obter.
Como fazer?
– Decida o formato (papel, digital, …).
– Construa um quadro no qual vai tomar nota: data e dia da semana; atividade realizada; hora do início; hora da finalização; duração; nível de energia (1=esgotado; 2=neutro; 3= enérgico); nível de concentração (1=baixo; 2=neutro; 3= alto); interrupções (registo do nº de interrupções que faz enquanto realiza cada tarefa; poderá complementar este registo indicando o que motivou essa interrupção: chamada telefónica, sms, email, …); valor (alto, médio, baixo, nenhum): está relacionado com o cumprimento dos objetivos que definiu para si.
O simples facto de tomar nota de todas as suas atividades, irá torná-lo mais consciente da forma como faz a gestão do seu tempo, e esse é o único objetivo, neste momento, que se pretende. Este quadro deve refletir, de forma mais fiel, a sua realidade. Se alterar a sua rotina porque está a fazer este exercício então não vamos conseguir conhecer a sua verdadeira realidade atual.

2. Coloque a tecnologia ao seu serviço
Da análise do quadro anterior, vai perceber quais são as fontes das interrupções das suas atividades e, arrisco a dizer-lhe que grande parte destas, estão relacionadas com a tecnologia.
Em 1999, o Dr Donald Wetmore, especialista em gestão de tempo, escreveu que uma pessoa comum tinha acesso a mais informação num só dia do que uma pessoa comum, em média, durante toda a vida em 1900. Tendo em conta que atualmente, no ano de 2021, o recurso a smartphones, wi-fi, redes sociais é constante, podemos afirmar, sem hesitações que a quantidade de informação disparou.
Assim é importante decidir se queremos usar a tecnologia a nosso favor e a favor da gestão do nosso tempo ou se queremos ser manipulados pela tecnologia, deixando que esta dite a forma como vou ocupar o meu tempo. Não devemos temer perder alguma coisa se estabelecermos horários para estarmos on-line. Ou temer que se esqueçam de nós por não estarmos envolvidos em tudo. O preço a pagar por este nível constante de conexão pode ser muito elevado, não só a nível profissional, como a nível pessoal, familiar e social.
Atenção! Não estou a colocar de parte todas as vantagens que as tecnologias nos têm trazido, ainda muito mais agora, em plena Pandemia, permitindo a muitos de nós que o nosso trabalho continue, embora não fisicamente nas nossas empresas, mas sim a partir de nossa casa, em segurança.
O meu alerta é para a utilização que se faz da tecnologia e como a sua menos boa utilização pode impactar negativamente a nossa produtividade. Colocar o foco na tarefa e estar verdadeiramente presente quando a realizo é o desafio.
Como fazer?
– Definir horários para consultar o email e dar resposta aos mesmos (com início e fim bem definido). Consultar o email é uma tarefa, como todas as outras e não deve ser um sabotador de tempo. Para que não corra o risco de não responder a um email urgente, informe as pessoas com quem trabalha das suas regras. Em caso de urgência (verdadeira urgência) estará sempre disponível (defina como);
– Silenciar as notificações (emails, sms, redes sociais, …);
– Definir períodos para consultar o telemóvel. Sabia que, consultamos, em média, o telemóvel de forma automática a cada 10 minutos? Defina quais os períodos em que irá permitir-se atualizar as suas informações nas redes socais, telefonar a amigos, etc.
Em si mesma, a tecnologia não é boa nem má. Tudo depende da utilização que fazemos desta e do seu impacto na nossa produtividade.

3. Crie uma NOT To Do List
Criar uma NOT To Do List é um passo vital para a produtividade e para colocar o foco no essencial, por isso convido-o a construir uma.
Pode usar a sua agenda de papel, uma folha de papel solta, a sua agenda digital, o bloco de notas do seu Smartphone, … o importante é que defina onde vai fazer, faça e seja consistente na utilização desta estratégia.
O ponto de partida é a sua To Do List e o desafio é identificar e transitar tarefas da To Do List para a NOT To Do List, bem como colocar aquelas tarefas das quais está consciente que são um entrave à sua produtividade. Pode ser uma reunião para a qual foi convidado mas que para si não faz sentido estar; pode ser um almoço com um colega de trabalho, ao qual inicialmente não lhe fazia sentido faltar; pode ser registar os sabotadores do seu tempo que conhece tão bem agora, após ter realizado a estratégia de mapeamento do seu tempo.
Mover os itens da sua To Do List para a NOT To Do List permitir-lhe-á colocar o foco nos aspetos que são verdadeiramente importantes. Quando dizemos que não para o que não interessa estamos a dizer que sim para o que realmente faz sentido e são importantes para si.
O desafio é criar uma NOT To Do List semanalmente, tornando-se um ritual que acompanha o planeamento do seu tempo.
Desafio-o também a revisitar as suas NOT To Do Lists anteriores para que torne consciente que os aspetos que lhe pareciam impossíveis de abdicar, nesse momento, podem ser descartáveis e que o mundo não acabou por não as ter realizado.

Uma nota final…
Mesmo que o seu dia de trabalho esteja planeado ao pormenor, mesmo usando todas as estratégias que lhe apresento e outras igualmente ou mais eficazes, não se esqueça que deve deixar espaço na sua agenda para os imprevistos. A consciência de que não conseguimos controlar tudo tem também uma influência direta e muito importante na nossa produtividade.
A flexibilidade permitir-lhe-á reajustar, reagendar, adaptar-se às circunstâncias daquele dia e daquela hora. Aceitar as imprevisibilidades tem uma influência direta nas suas emoções e, consequentemente, no seu comportamento. Ser flexível é aceitar a nova situação sem ficar irritado, frustrado porque o seu dia não está a correr como planeado.
Como afirma Cristina Benito, economista e pós-graduada em Gestão Empresarial: “a flexibilidade permite-nos transformar qualquer contratempo numa oportunidade inesperada”.

Fundadora da Academy4you e da Academia pais Sem pressa e autora do conceito de "Gestão Consciente do Tempo".
Distinguida com o Selo Slow Coaching, pelo Slow Movement Portugal. É a primeira e única profissional com esta distinção, em Portugal.
Certificação Internacional em Coaching Neurolinguístico. Educadora parental em Disciplina Positiva, certificada pela Positive Discipline Association – EUA. Certificação em Inteligência Emocional e Social. Professora de Mindfulness e meditação. Formadora certificada. Experiência em Coordenação de equipas. Experiência como Docente no Ensino Superior. É licenciada em Serviço Social, Pós-graduada em Análise e Intervenção Familiar, pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra.

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